Café com menos (ou sem) açúcar?
O hábito de tomar um café após o almoço, adoçado, é comum para milhões de pessoas todos os dias. No entanto, a regulação governamental e as oscilações nos preços do açúcar podem influenciar diretamente esse comportamento tão enraizado em diversas culturas.
Tem sido cada vez mais comum que governos apliquem impostos sobre bebidas açucaradas como forma de reduzir o consumo, com base em argumentos voltados ao combate à obesidade e outras doenças ligadas ao consumo excessivo de açúcar.
A relação entre café, açúcar e mudanças nos hábitos alimentares
Esse tipo de regulação pode ser comparado ao que ocorreu com o próprio café ao longo do século XX, quando seu consumo mundial aumentou drasticamente. Isso levou a tentativas de controle por meio de regulamentações e taxações com o objetivo de padronizar sua qualidade e, em certos contextos, conter seu uso.
Essa conexão entre o café e o açúcar exemplifica como tendências de mercado e políticas públicas afetam diretamente os hábitos alimentares da população.
Assim como o café passou a ser amplamente discutido quanto aos seus efeitos sobre a saúde, o açúcar também se encontra no centro de debates globais envolvendo nutrição, saúde pública e economia.
Aspectos culturais, estratégias de marketing e contextos econômicos regionais também devem ser considerados. O café, por exemplo, é símbolo de sociabilidade em muitos países — especialmente no Brasil. Já o açúcar, apesar de associado ao prazer, representa um desafio maior para regulamentação, justamente por estar presente em uma ampla variedade de produtos e ter forte apelo emocional.
O mercado global de açúcar e as tendências de produção
A equação atual é complexa. Dados divulgados em 2024 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimam que o consumo mundial de açúcar deve alcançar 178,8 milhões de toneladas em 2024/25, frente a 177,33 milhões de toneladas em 2023/24.
Produção e consumo global
Esse crescimento vem acompanhado de mudanças relevantes nas principais regiões produtoras, como mostra o relatório do USDA:
Índia: a produção deverá crescer 500 mil toneladas, chegando a 34,5 milhões de toneladas. Desse total, cerca de 4 milhões de toneladas devem ser redirecionadas à produção de etanol combustível.
Tailândia: segundo maior exportador global depois do Brasil, o país deve aumentar sua produção em 18%, atingindo 11,2 milhões de toneladas. O crescimento é impulsionado pela recuperação da safra e pelo aumento no nível de açúcar total recuperável (ATR).
União Europeia: com uma safra maior de beterraba, a região pode alcançar quase 18 milhões de toneladas, sendo 3 milhões exportáveis.
Somando-se à produção brasileira, que deve alcançar 39 milhões de toneladas, e aos demais países produtores, espera-se um superávit mundial de aproximadamente 1,7 milhão de toneladas.
Impacto das mudanças climáticas na oferta e demanda
As mudanças climáticas afetam diretamente a produção de açúcar, interferindo em safras e disponibilidade do produto. Isso gera incertezas em toda a cadeia de valor, desde agricultores até distribuidores e fundos de investimento.
Operadores do mercado global, incluindo fundos comerciais e especulativos, monitoram de perto esses impactos para ajustar suas estratégias, buscando se antecipar a possíveis cenários de déficit ou excesso de oferta.
Além disso, os próprios produtores muitas vezes escolhem o melhor momento para comercializar seus estoques, o que também influencia os níveis de oferta no mercado.
A visão da Conecta Ásia
Na Conecta Ásia, acompanhamos de perto os movimentos do mercado global de açúcar e suas implicações para o comércio internacional. Acreditamos que compreender essas mudanças é essencial para ajudar nossos parceiros a tomar decisões estratégicas, minimizando riscos e aproveitando oportunidades em um cenário cada vez mais dinâmico.